terça-feira, 7 de setembro de 2010

INTERAÇÃO TEXTUAL

            Acreditando cada vez mais que o papel do professor é muito mais uma missão que uma profissão, é que acredito que, com aulas que buscam o resgate interior de nossos adolescentes, quem sabe consigamos semear sementes de PAZ, de AMOR, de SABEDORIA INTERIOR, ensinando-os a ter SERENIDADE, e nós mesmos, buscando tudo isso que está sendo perdido dentro de nós.
Nossos valores mais íntimos, nossas verdadeiras buscas (são  materiais ou espirituais?), o que realmente somos? Em que estamos nos tornando? Como nos resgatar? Em que acreditar? Em quem acreditar? Onde está o meu EU?
São perguntas que valem serem jogadas para o nosso íntimo e porque não em sala de aula. Não será disso que nossos alunos estão precisando? DEBATES... EXPLORAÇÃO INTERIOR... REFLEXÕES...
Muito mais que números e estatísticas?

Abraços.

Simone Malta


1) Segue abaixo uma música de Renato Russo (para ser analisada primeiro) Essa música em si já é bastante pessoal, vamos nos valer sempre da reflexão pessoal de cada aluno, valorizá-la, explorá-la.

2) Um texto de Joanna de Ângelis para ser trabalhado em uma outra aula se for o caso. (Observar sempre o tempo que se tem em sala de aula). Tente sempre fazer com que a reflexão leve para o lado do EU e não culpando o próximo por todos os fracassos existenciais... tente levá-los e levar a si mesmo a refletir no que EU posso fazer para mudar o que estamos vivendo, ou o que o EU estou vivendo (seja a nível pessoal, social, planetário) ...

3) E só assim trabalharem os dois textos lado a lado, comparando, inserindo um ao outro em ideias, contextos (inserção ou interação textual).  Em um primeiro momento trabalhar a estrutura textual. Em que se relacionam? Em que se divergem? Em seguida o contexto de ambos os textos, as idéias, as reflexões feitas em aulas anteriores se convergiram ou divergiram em ambos os textos? Depois das reflexões, algo lhe fez pensar em você mesmo? Em sua maneira de agir, de pensar, que querer-se, de amar-se? (lembrando que tais tipos de respostas deverão ser expontâneas e não forçadas, pois se trata de respostas PESSOAIS).

4) Em um 4º momento trabalhar a produção de textos, enfatizando sempre para que deixem as ideias, os sentimentos fluírem, para só depois relerem, corrigirem, preocuparem com a ortografia, coerência, coesão, estrutura textual...

5) Assim, fica livre os dois textos para se trabalhar a parte gramatical, ortográfica que esteja sendo trabalhado em sua classe.

Acredito que será um outro tipo de aula excelente.



TEXTO 1

Pais E Filhos

Renato Russo

Composição: (letra: Renato Russo - Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá)

Estátuas e cofres. E paredes pintadas.
Ninguém sabe o que aconteceu.
Ela se jogou da janela do quinto andar.
Nada é fácil de entender.

Dorme agora.
É só o vento lá fora.
Quero colo. Vou fugir de casa.
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo. Tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três.


Quero o nome mais bonito.

É preciso amar as pessoas como se
Não houvesse amanhã.
Porque se você parar para pensar,
Na verdade não há.

Me diz porque que o céu é azul.
Explica a grande fúria do mundo.
São meus filhos que tomam conta de mim.

Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar.
Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar.
Já morei em tanta casa que nem me lembro mais.
Eu moro com os meus pais.

É preciso amar as pessoas como se
Não houvesse amanhã.
Porque se você parar para pensar,
Na verdade não há.

Sou uma gota d'agua
Sou um grão de areia.
Você me diz que seus pais não lhe entendem.
Mas você não entende seus pais.

Você culpa seus pais por tudo.
E isso é absurdo.
São crianças como você
O que você vai ser, quando você crescer?



---------------------------------------------------------------

TEXTO 2

A vida moderna, rica de divertimentos e pobre de espiritualidade, arrasta o homem para o exterior, para os jogos dos sentidos, em detrimento da harmonia que lhe deve constituir a base para quaisquer outras realizações, sem a qual ruem todas as suas construções, sempre efêmeras na sua realidade aparente.
Sucessivas ondas de alucinados são jogadas nas praias do mundo, logo seguidas pelas dos deprimidos, ansiosos, insatisfeitos como a denunciar a falência dos valores ético-morais do momento e das ambições tecnológicas que não felicitaram a criatura humana.
O descalabro e o absurdo campeiam, à solta, ao lado da corrupção de todo matiz, desenfreada, conspirando contra os ideais de nobreza, de justiça e de harmonia da Vida.
Há uma vaga imensa de descrença do homem pelo homem e uma terrível indiferença pelo amanhã, arrojando os indivíduos na corrente do desespero público ou mal controlado em ameaça crescente contra a cultura, a civilização, a família, o matrimônio, o amor...”
(Joanna de Ângelis)